Agora que o vento arrasta
As cartas e os vícios delas
Ficaram-me as mãos libertas
É manhã abro janelas
Saramago
Hoje, apeteceu-me ir buscar uma ideia da Hipatia, lida há muito tempo e que emergiu…
E pensar este blog como sítio das minhas banalidades, no seu sentido etimológico mais profundo, o do “ban”, da circunscrição feudal, sendo que eu sou aqui o feudo, o espaço é meu, as minhas palavras são o meu território. Confio que ela não me leva a mal pegar na ideia…
Aqui, as banalidades emergem nas palavras e nas imagens – todavia, não são «diário» nem «crónica feminina», não pretendem agregar um «club» nem formar um «gang».
Sorrio das negativas que escrevo – pois que nem tudo se define pelo que rejeita ou recusa.
Por aqui revejo mutação e estabilidade, ideias e sentidos vividos e percebo que a percepção das banalidades é (também) o que permite a construção do agora.
Píndaro dizia “torna-te o que és”; Nietzsche “transforma-te no que vais sendo”.
E a aceitação é sempre uma acção sobre o novo, de poros abertos e alma em movimento.
Por isso me faz sentido escrever das banalidades, na vitalidade da belíssima frase nietzschiana: “aqui poderíamos viver, posto que aqui vivemos”.
Banalidades, sim. Com a aceitação do “sentimento trágico da vida” de modo pleno, de sorriso largo, de estender de braços. Mesmo quando existe escuridão, é possível reevocar a gargalhada da vida, a potência da força e da vontade.
O trágico está presente – afirma-se pelo que foi, pelo que é, pelo que será. Sem frivolidade, possível de acompanhar com riso. O riso da alegria do instante presente.
Ou não. Dependendo da banalidade singular.