Por ora, regresso aqui. Encontramo-nos lá….
Por ora, regresso aqui. Encontramo-nos lá….
Há dias com uma sonoridade adiantada… começamos a pensar neles bem antes, retomamos fios de memórias por causa dessas rememorações…
Pronto, pode ser um pretexto…
Tem a ver com sentidos, sentimentos, sensações (espera, isto não, era título de congresso…).
Tem mais a ver com sementes e raízes fundas.
Como em muitas das raras histórias, há muito, muito tempo atrás teceram-se redes de especiais fios. Fios e espelhos, a transportar em labirintos.
Não daqueles onde alguém se perde, se crispa ou se trai.
Daqueles em que se encontra, reencontra e abriga.
Estranhos, porque cheios de duração.
Sem medo, sem escudos, de uma doce doçura que nem os ventos desvanecem.
E no tempo, meu grande amigo e imortal amor, barcos vogam e o mar permanece.
Tu tens a paz, a loucura, o desejo, a serenidade, a força, ….
Um dia feliz seja este décimo oitavo do décimo primeiro mês.
e pede-me a paz, dou-te o mundo….
solta-te a voz..…
se eu fosse um dia o teu olhar, e tu as minhas mãos também….
Ao som de uma inspiradora música,
em mais uma das viagens dos dias e das noites,
sangue ardente luz diferente suavemente pinta o teu rosto a pincel
Pede-me um sorriso, salto inteira,
solta a voz, cede ao impulso e diz-me de ti…
Oh Céu azul da cor do Mar, leva a brisa
Se fosse um dia o teu olhar….
Fiodor Dostoievski terá afirmado que “O segredo da existência humana reside não só em viver mas também em saber para que se vive”.
Não prestava a devida atenção…
A chave estava no para quê, que ajuda a delinear metas, a ter objectivos.
Acabou por viver umas (poucas) histórias assim – de pessoas ou episódios, que não faziam mais do que assaltá-la.
Devia-se prestar mais atenção, para não se ser tão facilmente refém de assaltos….
Deixa ficar comigo a madrugada,
para que a luz do Sol me não constranja.
Numa taça de sombra estilhaçada,
deita sumo de lua e de laranja.
—
Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota…
Crepite, em derredor, o mar de Agosto…
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
—
Depois, podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito…
—
Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.
—
David Mourão-Ferreira
Paraíso In “Infinito Pessoal”
Finda-se o Verão. Ou transforma-se….
Ademais, como por aqui foi acontecendo.
Cada curva do labirinto traz espelhos.
Cada espelho pode estilhaçar-se e multiplicar os fragmentos.
Passaram dias e noites, estações, anos, esperanças e encantamentos, desilusões e cansaços, desde que este blog foi inciado.
Diversas vezes resisti à tentação de o extinguir (dir-se-ia melhor, eliminar).
Ainda que para isso, baste reler posts antigos.
É como folhear um velho album, que tem marcas do que já não se é e anuncia para o futuro o que ainda não se tornou. Encruzilhadas antigas.
E na irresistivel tentação regresso. Um pouco Outra. Re-fletida em pedaços de espelhos.
Voltemos, então….
(imagem)
Ah, as mãos…
Expressam-se na dança dos dedos, na fragância do toque e no deslizar do gesto.
São cegas que veêm, abrindo-se!
Ouvem sem sons, detendo-se!
Mudas que são e tão eloquentemente falam!
Enquanto se laçam e se entrelaçam,
na vida sustêm
na dor suportam,
na alegria tropeçam
e tanto espelham no amor…
(Foto Eric Kellerman)